A Resistência/Psol se soma a outras organizações de esquerda latino-americanas, nesta Declaração de solidariedade a luta da classe trabalhadora e da juventude colombiana.
A rebeldia explodiu novamente nas ruas colombianas contra um pacote de ajuste e contra uma desigualdade social estrutural. O massacre, perpetrado ha décadas contra os setores mais oprimidos da população, encontrou um potente freio na ação decidida das massas do país irmão. O terrorismo de estado, que vem sendo a política aplicada durante anos, tem hoje uma resposta contundente dos setores indígenas, populares, da juventude, das mulheres, da classe trabalhadora, do campesinato, entre outros, que se uniram para enfrentar o plano sistemático de extermínio levado adiante pela classe dominante da Colômbia, abençoada e financiada pelo imperialismo.
A paralisação de 28 de abril se transformou em um chamado à insurreição contra o governo de Duque e seus planos de ajuste e miséria. As reformas fiscais exigidas pelo FMI, em meio à feroz pandemia, são a cópia das medidas que esse organismo exige em todos os países. Mas os povos e a classe trabalhadora vão encontrando a forma de vertebrar a resposta ao saque. Assim como no Chile, em 2019, ou na própria Colômbia nesse ano, o protesto se transforma em rebelião massiva e abala os alicerces do poder.
Militantes da Resistência/PSOL em ato contra a violência policial no Rio de Janeiro. 13/05
Ressurgem as exigências centenárias, como as das comunidades indígenas que derrubam as estátuas dos genocidas, e aparecem novas exigências das jovens gerações, contra a precarização do trabalho e da vida. Toda a Colômbia saiu às ruas para mostrar que o enfrentamento com o uribismo criminoso não tem volta. Cali é um dos centros da rebelião e é onde o governo de Iván Duque, o títere de Uribe e do imperialismo, decidiu descarregar seu golpe mais violento. Ele não só lançou as Forças Armadas e o nefasto ESMAD para responder na base de bala e sangue, mas também as estruturas para policiais, os esquadrões da morte, que atuam contra os postos médicos para intimidar os que estão tratando de cuidar da saúde da população.
A resposta popular é heroica e comovente. Não somente a da batalha da primeira linha, que enfrenta os assassinos em cada repressão sanguinária das forças do regime, mas também a resposta das organizações da classe e dos setores populares. A Guarda Indígena, que interveio em Cali, enfrentando diretamente os esquadrões para policiais e detendo um provocador, é uma mostra da organização necessária para enfrentar os planos do regime e tirar Duque e o uribismo do poder. Essa rebelião, “que não tem cauda nem cabeça”, irá se dotando da direção necessária para vencer. É necessário que as organizações da classe trabalhadora e dos setores populares que formam o Comitê da Greve avancem para se tornarem uma direção efetiva da rebelião, não apenas para consolidar os triunfos já conquistados, mas para conseguir a saída de Ivan Duque do governo.
As manifestações de solidariedade, que crescem no mundo inteiro, são de grande importância para difundir a luta do povo colombiano e o massacre que o governo Duque leva adiante. Existem no momento mais de 400 pessoas desaparecidas e mais de 40 mortos. E isso é somente uma parte do terrível custo das políticas do imperialismo no país irmão.
Temos a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, a classe trabalhadora e o povo colombiano poderão coroar essa Greve Geral com a merecida vitória, reorganizando o país desde seu alicerce, por meio de uma Assembleia Popular Constituinte que desmantele o estado oligárquico atual e o substitua por outro, dirigido pelos setores explorados e oprimidos do país, os únicos interessados em uma mudança profunda, revolucionária, como a que a situação exige.
Desde esta Coordenação Internacional, chamamos todas as organizações operárias e populares do mundo inteiro a unirem-se em uma só voz solidária com a luta do povo colombiano.
Basta de matança na Colômbia!
Basta de terrorismo de estado!
Dissolução do ESMAD. Julgamento e castigo para os que assassinam as e os lutadores.
Fora Duque e o uribismo do governo!
Fora o imperialismo da América Latina!
Assinam:
LUCHAS (Venezuela)
MPS – Movimento Pelo Socialismo (Paraguai)
MRS – Militância Revolucionária Socialista (República Dominicana)
Opinião Socialista (Argentina)
Semear o Futuro (Portugal)
Resistência-PSOL (Brasil)