O acúmulo de riquezas no Brasil ocorre há mais de 500 anos, invariavelmente, negando a humanidade do povo negro. Primeiramente, através do trabalho escravo nas monoculturas do período colonial. A partir de 13 de Maio de 1888, esse acúmulo de riquezas se deu através da superexploração do trabalhador e da trabalhadora negra, expulsos dos engenhos sem terra, sem trabalho, e sem o reconhecimento de sua dignidade humana.
O Racismo Estrutural, que hoje podemos enxergar no Brasil através da desigualdade econômica ou dos números da violência policial, longe de ser resquício da escravidão, é um projeto político, um pacto entre a classe dominante brasileira, subordinada a seus senhores estrangeiros, para manter intactos os privilégios de uma ínfima minoria.
Esse pacto, no entanto, exclui também a maioria absoluta dos brasileiros brancos, os trabalhadores, pois os submetem à mesma estrutura econômica e social dominada por poucos herdeiros dos latifúndios de outrora e do presente. Em troca, oferecem pequenos privilégios, como o de poder reproduzir a discriminação racial, que ao invés de aproximar os brancos pobres da riqueza, debilitam a sua humanidade e os dividem em relação a seus irmãos de classe, negros e negras.
Porém, se ainda faltava algum motivo para repudiar as comemorações do 13 de Maio, como dia da “abolição da escravatura”, assinado pela princesa Isabel, o ato chamado pelo “deputado-príncipe” e o filho do presidente na Câmara dos Deputados, em comemoração à lei Áurea, é a cereja do bolo podre.
Para ninguém dizer que poderia ser ainda pior, o cartaz do evento, todo em estilo ridículo-monárquico, traz a princesa emoldurada de forma a evidenciar a nobreza do azul dos seus olhos e da brancura de sua tez, para não haver dúvidas que o objetivo é humilhar o povo negro e a sua história de Resistência e luta pela emancipação.
O que há em comum entre a ex-“família real”, representada pelo deputado federal Príncipe Luiz Phillipe e a atual família presidencial, representada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro?
Uma família como a outra não tem qualquer pudor ou vergonha de oferecer o sangue e o suor alheio, primordialmente o negro, como forma de pagamento pelo serviço sujo que fazem, que é o de entregar de bandeja as riquezas nacionais aos impérios de cada época histórica, a fim de manter os seus privilégios. Para isso querem entregar as cotas, a nossa aposentadoria, as verbas para a educação, o nosso petróleo, as nossas refinarias, a Amazônia, a fauna, a flora, e tudo o mais que houver no caminho de sua ganância.
Essa é a história da classe dominante brasileira, monárquica, civil ou militar: privilegiada, parasita, entreguista e sem auto-estima, às custas das vidas negras, que construíram e continuam a construir o país.
Por demonstrarem ódio e desprezo pela maioria do povo, sua cor, cultura e as suas conquistas, evidenciam o ódio e a vergonha que têm do próprio país.
Hoje pela manhã (14), o movimento negro, junto aos parlamentares que repudiam esse escárnio, estiveram em Brasília denunciando a abolição que nunca chegou, e defendendo as conquistas que arrancamos com muita luta, como as cotas e as ações afirmativas, que estão sob a mira de Bolsonaro e seus aliados, escancarando o projeto de aprofundar a desigualdade racial no Brasil.
#13deMaioÉDiaDeResistência
#VidasNegrasImportam