Depois do 1º turno onde o voto da esquerda em 11 de abril cresceu na reta final em favor do professor e ativista sindical, Pedro Castillo (Peru Livre), haverá o 2º turno no próximo domingo, 6 de junho. Castillo venceu o primeiro turno com 18,92% dos votos, cujo partido alcançou também a importante eleição de 37 parlamentares para um Congresso de 130 membros. Enquanto a direitista, filha do ex-ditador de mesmo sobrenome, Keiko Fujimori (Força Popular), chegou em segundo lugar com 13,40%.
O grande desafio da classe trabalhadora e da juventude peruana é derrotar Keiko Fujimori, que já disputou e perdeu nas eleições de 2011 e 2016, pois representa o legado familiar e político do ex-ditador, Alberto Fujimori, que foi eleito sob o manto da falsa moralidade – tão típica dos partidos de direita – mas impôs um regime bonapartista de terror e corrupção, entre os anos 1990 a 2000, se apoiando na derrota dos movimentos guerrilheiros Sendero Luminoso e MRTA, com forte repressão, sequestros e assassinatos de ativistas sociais, jornalistas e opositores, e envolvimento na esterilização forçada de mais de 300 mil mulheres pobres e indígenas.
O pai e padrinho político da candidata Keiko, Alberto Fujimori, em seus 10 anos de governo, após submeter o país a uma gestão econômica ultraliberal que aprofundou a semi-colonização do país com privatizações que favoreceram grandes multinacionais e aumentou a precarização do trabalho e a desigualdade social, depois fugiu sob evidentes acusações de corrupção e violações de direitos humanos, mas sofreu impedimento pelo Congresso, condenado, preso, obrigado à reparação civil ao Estado e impedido de exercer cargos públicos.
Entre os anos 2007 e 2020, o ex-ditador foi condenado em vários processos: autor do homicídio qualificado por traição, lesões graves e sequestros relativos aos casos dos massacres da Universidade La Cantuta, e de sequestros de jornalistas e empresários; espionagem telefônica, compra de meios de comunicação e de congressistas corruptos, além do desvio de 122 milhões de soles destinados às Forças Armadas para comprar linhas editoriais de jornais.
O seu ex-braço direito, Vladimiro Montesinos, além de outros empresários de confiança tiveram igualmente determinados pela justiça o congelamento de contas no exterior e no Peru que ultrapassaram 246 milhões de dólares. Por isso, a batalha da família direitista é limpar juridicamente o velho ditador e aprofundar ainda mais o país no neoliberalismo e na dependência em relação ao imperialismo.
O professor Pedro Castilho e Peru Livre conseguiu unificar praticamente toda a esquerda no 2º turno em torno de negociações programáticas que pautam entre outros temas a Convocação de uma Assembleia Constituinte, a nacionalização de setores estratégicos da economia, como o setor mineiro, e a garantia de igualdade às mulheres, indígenas e Lgbtqia+.
Tanto Juntos por Peru e Novo Peru, da candidata Verónika Mendonça, como o partido Frente Ampla, além de outros agrupamentos de esquerda e dos movimentos sociais, conformaram um grande movimento político/eleitoral que poderá impedir o retorno da mafiosa e direitista família Fujimori ao poder e, baseados na mobilização popular, aprovar importantes medidas em defesa da soberania nacional e em defesa dos direitos sociais, trabalhistas, ambientais e em favor dos setores oprimidos.
Contando que a vitória de Castillo possa alentar a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras, da juventude e dos movimentos indígenas, feministas e ambientalistas, movimentos LGBTQI+, nos somamos no chamado à esquerda latino-americana para a necessária derrota das forças reacionárias no Peru propondo o voto no candidato que representa agora a esquerda unificada daquele país.
No dia 06/06 votamos Pedro Castillo presidente para derrotar o neofascismo de Keiko Fujimori!
Resistência/corrente interna do PSOL (Brasil)
Semear o Futuro (Portugal)