Notas

Bolsonaro lança ofensiva da morte

No momento em que a pandemia se dissemina rapidamente, elevando a cada dia o número de mortes e internações, o governo de Jair Bolsonaro redobra a aposta contra o isolamento social parcial em vigor no país.

Para isso, o presidente miliciano reacende em suas bases o discurso golpista, conclamando a ruptura com os governos dos estados, o STF e o Congresso. Não pode haver dúvidas: o fascista busca acumular forças parar destruir as garantias democráticas e, assim, assumir um poder ditatorial.

Neste domingo (19), Bolsonaro fez um discurso em frente ao Quartel General do Exército, na data em que é celebrado o “Dia do Exército”. Perante uma aglomeração de seguidores fanáticos, que pediam “Intervenção Militar Já com Bolsonaro”, “Novo AI-5” e “Fora Congresso e o STF”, o presidente afirmou, entre outras coisas, que “nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil”.

Ao mesmo tempo, em dezenas de cidades pelo país, carreatas bolsonaristas pediam o fim imediato do isolamento social e intervenção militar para a retomada de todas atividades econômicas paralisadas. Impulsionadas por empresários, as “caravanas da morte” desafiaram à luz do dia o isolamento social determinado por governadores e prefeitos.

O projeto da morte — que combina a facilitação da disseminação da covid-19 com a ampliação dos efeitos do desemprego e da pobreza — visa criar as condições de caos social propícias para a ruptura institucional autoritária.

A primeira constatação a ser feita é a de que esses atos e carreatas bolsonaristas constituem agressões contra a saúde pública e a Constituição do país. Portanto, é dever das instituições da República — STF, governos estaduais, Congresso e Ministério Público —  tomarem todas as medidas legais e repressivas necessárias para impedir a realização desses atentados fascistas.

Nesse sentido, é necessário que o STF, em nome da preservação da saúde pública, proíba todas as ações orquestradas para por fim ao isolamento social. E, das janelas, a população deve seguir hostilizando, de todas formas possíveis, as carreatas e atos da morte. Importa distinguir, nessa questão, as pessoas que, pela necessidade de sobrevivência econômica, se vêem forçadas a deixar a quarentena (essas não devem sofrer nenhuma punição) das carreatas e atos patronais e bolsonaristas.

A cada dia que a corja bolsonarista se sente livre e segura para perpetrar suas violações legais e provocações políticas, mais ganha confiança para aumentar o tom das ameaças autoritárias. É preciso, com urgência, tolher as liberdades dos inimigos da liberdade. Antes que seja tarde.

Bolsonaro passou de todos os limites no dia de hoje. Como bem afirmou Guilherme Boulos, do PSOL, sobram razões jurídicas para retirá-lo da Presidência: fraude eleitoral e crimes de responsabilidade e contra a saúde pública. Todos setores que se dizem comprometidos com a defesa da ordem democrática devem agir com sentido de urgência para derrubar Bolsonaro, seja por meio da cassação da chapa no TSE, seja via impeachment ou outra forma jurídico-política disponível.

Não podemos, contudo, confiar que as instituições burguesas e a direita tradicional irão enfrentar Bolsonaro de modo consequente. Ao invés de usar a ordem legal contra as ações criminosas, a direita tradicional, que comanda a maioria dos governos estaduais e o Congresso, até aqui, cede a Bolsonaro, flexibilizando o isolamento já parcial e endossando as medidas econômicas de Paulo Guedes que jogam o custo da crise no colo da classe trabalhadora.

Para enfrentar o vírus e seu maior propagador no país — Jair Bolsonaro —, será preciso que a classe trabalhadora e oprimida entre em cena. Temos que opor à força do fascismo e de seus aparelhos a força dos trabalhadores e de suas organizações. Para isso, é fundamental que os distintos setores da esquerda e das entidades dos movimentos sociais e sindicais se unam em uma Frente Única. Na construção dessa unidade da esquerda, têm enorme responsabilidade Lula e o PT, que até o momento se recusam a chamar o Fora Bolsonaro.

Uma Frente para organizar ações de solidariedade e de resistência coletivas nos bairros e locais de trabalho, uma Frente para propor um programa unificado de combate à pandemia e de salvamento econômico e social e, por fim, uma Frente de Esquerda para organizar um pólo de combate prático ao fascismo e para apresentar uma alternativa de governo, exigindo o Fora Bolsonaro.

A maioria da população defende as medidas de isolamento social. Bolsonaro mobiliza uma minoria barulhenta, apresentando um falso dilema entre o combate à pandemia e a crise econômica. Apesar de ter se enfraquecido no último período, o governo ainda preserva uma força política e social significativa, que não pode ser menosprezada. A direita tradicional, que abriu as portas ao fascismo, não consegue contê-lo. Apenas a esquerda, organizando o povo trabalhador nas suas lutas imediatas, pode ser uma alternativa real.

Derrotar a ofensiva da morte!

Ditadura Nunca Mais!

Salvar as pessoas, não os lucros!

Fora Bolsonaro e Mourão!

Eleições presidenciais diretas e livres antecipadas!

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